quinta-feira, 19 de maio de 2011

Limite

Neste sábado, 21 de Maio de 2011, às 17 horas, no Cineclube da Casa:

Limite, de Mário Peixoto, Brasil, 1930

Durante meio século, todos falavam de "Limite", mas poucos o tinham visto. Agora ele pode ser visto.

Num barco à deriva no mar, um homem e duas mulheres desistem de remar, conformados com seu destino.

Isto é "Limite", filmado por Mário Peixoto em Mangaratiba, litoral do Rio de Janeiro, e exibido pela primeira vez em 17 de maio de 1931 - há exatos 80 anos - no cinema Capitólio, localizado na Cinelândia, numa iniciativa do Chaplin Clube.

Depois dessa primeira exibição no Brasil, o filme ficou desaparecido durante meio século. Quase se perdeu, não fosse a obstinação de alguns amigos de Peixoto. Tornou-se um mito do Cinema Brasileiro - um filme no qual todos falavam, mas quase ninguém tinha visto até 1976, quando uma cópia foi apresentada com várias lacunas - em Belo Horizonte, na Sala Humberto Mauro.

"Limite" se tornou uma obra referencia do cinema brasileiro - sua primeira obra-prima, um modelo de "cinema puro", feito de imagens rebuscadas que o aproximavam da "avant-garde" francesa. Quando o realizou, Peixoto tinha apenas 20 anos. Nascera na Bélgica e estudara na Europa. Foi seu único filme finalizado. Dois outros deixou inacabados. Escreveu romances e roteiros cinematográficos. Alguns foram publicados. Morreu em 1992, no Rio de Janeiro.

Trechos de "Limite" estão em "Cinema Falado", filme de Caetano Veloso, e no dvd Partimpim, o Show, de Adriana Calcanhoto. Um curta, "O Homem e o Limite", e um longa, "Onde a Terra Acaba", tratam de "Limite". David Bowie colocou o filme entre os seus favoritos. Eisenstein, o realizador de "O Encouraçado Potemkim", teria escrito sobre ele. O maior historiador do cinema, Georges Sadoul, veio ao Brasil, nos anos 1960, para ver "Limite" e não o conseguiu. Glauber foi talvez o único que torceu o nariz para "Limite". Mudo, o filme foi musicado (com discos) por Peixoto e Brutus Pedreira (ator no filme) com composições de Eric Satie, Stravinsky, Cesar Frank, Debussy e outros; posteriormente, elas foram incorporadas à trilha sonora.

A cópia que apresentaremos é a restaurada pelo CATV da Funarte.

(Resenha: Victor de Almeida)

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