quarta-feira, 25 de maio de 2011

Je Vous Salue, Marie






"Je Vous Salue, Marie" é a versão atualizada de Jean-Luc Godard, um dos paricipantes da "nouvelle vague", sobre a concepção do menino Jesus.


Maria é uma estudante que joga basquete. José é motorista de táxi. O anjo Gabriel chega de avião.


Proibido por Sarney a pedido da Igreja Católica, o filme deu ensejo a um movimento de resistência contra a censura, circulando em cópias piratas em VHS, inclusive em Belo Horizonte.


Na época foi um escândalo. Hoje, é um filme cheio de graça.


"Je Vous Salue, Marie" será apresentado neste sábado, dia 28, às 17 horas, pelo Cineclube da Casa. Apareça!


A crítica de Eulàlia




Notas sobre o filme “Je vous salue, Marie”

Este filme escrito e filmado por Jean Luc-Godard em 1985 têm um viés psicanalítico muito interessante. Aliás, o olhar genial de Godard deixa muito espaço para novos ângulos críticos , novas propostas, sobre uma história muito conhecida no Ocidente, a história de Maria, a virgem que teve um filho-deus.
Temos também no filme, outra mulher cuja referência bíblica é de peso, Eva. Eva enamora-se do professor, o professor que fala sobre fatos e teorias que remetem à criação do mundo, da vida. A união dos dois ocorre de forma paradisíaca, mas a expulsão do paraíso é a conta a se pagar: ele é casado, não pretende abandonar a mulher para ficar com Eva. A separação é cortante, terrena demais. Este casal que representa o primeiro casal a inaugurar o mundo, que cedo chega ao clímax, que se deixa levar pelos prazeres da carne, pelas sensualidades, enfim, que “mordeu a maça”, se contrapõe fortemente ao casal formado por Maria e José.
José é um taxista, que se ocupa como seu ancestral, e assim como tantos homens atuais, do transporte. Sua ação, embora pareça periférica, de menor importância, é de fato essencial. O que teria sido de Maria, a original, se José não a tivesse guiado até o local do parto, lhe dado algum conforto, mesmo que em um estábulo? E José já se afirma nas primeiras cenas como um homem nivelado ao plano animal onde ele e seu cão são um só: trabalham juntos no carro, lêem livros juntos. Para José não há nenhum problema em ler para o cão. Ambos se entendem em seus instintos, são inerentemente bons, e têm a espontaneidade que agrada à futura mãe de deus.
Ele também é um personagem que a todos deixa desconcertados, na história, no filme.

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